
Marcelo Lavinas
Sustentabilidade
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24 de nov. de 2023
A contabilidade empresarial, tradicionalmente associada à apuração de números e obrigações fiscais, vem assumindo um papel mais amplo: o de promotora da transparência socioambiental. Com a ascensão das práticas ESG (Environmental, Social and Governance), surge a contabilidade verde, um modelo que integra critérios de sustentabilidade às demonstrações financeiras e ao planejamento corporativo.
Essa nova abordagem não é apenas uma tendência: ela está se consolidando como uma exigência de mercado, de investidores e até mesmo de legislações emergentes. Empresas que desejam se manter relevantes e competitivas precisam incorporar esses critérios desde já.
O que é Contabilidade Verde?
A contabilidade verde é um conjunto de práticas que incorpora os impactos ambientais aos relatórios contábeis. Isso inclui:
Mensuração de emissão de carbono;
Custos com resíduos e reaproveitamento de materiais;
Consumo de recursos naturais;
Investimentos em mitigação ambiental.
Ela propõe não apenas registrar os impactos financeiros de atividades sustentáveis ou poluentes, mas também gerar dados que contribuam para decisões empresariais mais conscientes e responsáveis.
Ao integrar esses elementos, a empresa não só demonstra seu compromisso com o meio ambiente, mas também ganha uma visão mais ampla dos riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade.
ESG e sua influência nas rotinas contábeis
O conceito de ESG vai além da parte ambiental. Ele avalia:
Environmental: práticas sustentáveis, gestão de recursos e impacto ecológico;
Social: relação com colaboradores, diversidade, direitos humanos e impacto na comunidade;
Governance: ética corporativa, transparência e compliance.
Na contabilidade, o ESG exige um novo olhar sobre relatórios e indicadores. Além de balanços tradicionais, as empresas estão sendo cobradas por:
Relatórios integrados que combinam dados financeiros e socioambientais;
Indicadores de desempenho ESG (KPIs);
Auditorias independentes sobre práticas sustentáveis;
Adoção de frameworks internacionais como GRI (Global Reporting Initiative) e SASB (Sustainability Accounting Standards Board).
Contadores e analistas financeiros agora precisam compreender métricas não-financeiras e atuar em sinergia com áreas como compliance, marketing e jurídico para gerar relatórios consistentes.
Benefícios de adotar práticas ESG desde já
Implementar políticas ESG e contabilidade verde não é apenas uma resposta a pressões externas — é uma estratégia de crescimento e reputação empresarial. Entre os principais benefícios estão:
Atração de investidores: fundos de investimento e bancos estão priorizando empresas com políticas claras de sustentabilidade e governança.
Redução de riscos: ao monitorar indicadores ambientais e sociais, a empresa antecipa crises e se adapta melhor às novas legislações.
Melhoria da imagem institucional: consumidores e parceiros comerciais valorizam marcas alinhadas com propósitos sociais e ambientais.
Acesso a incentivos fiscais e financiamentos verdes: algumas linhas de crédito e regimes tributários favorecem empresas sustentáveis.
Em um mercado cada vez mais exigente, sair na frente pode ser a diferença entre manter-se competitivo ou ser ultrapassado por concorrentes mais preparados.
Desafios e o papel do contador moderno
A adoção de relatórios ESG e práticas de contabilidade verde ainda enfrenta obstáculos, como a falta de padronização nos modelos de reporte, dificuldades de mensuração de impactos não-financeiros e a escassez de profissionais preparados para esse novo cenário.
O contador, nesse contexto, passa a ter uma função estratégica: precisa ser um tradutor das métricas ambientais e sociais para a linguagem contábil e financeira. Isso exige atualização constante e domínio de novas ferramentas de mensuração, relatórios integrados e normas internacionais de sustentabilidade.
As empresas que investem em equipes contábeis capacitadas nesse sentido estão construindo uma base sólida para um futuro mais ético, responsável e valorizado pelo mercado.
Conclusão
A contabilidade verde e os critérios ESG estão moldando a forma como as empresas reportam suas operações e planejam o futuro. Mais do que uma adaptação, trata-se de uma evolução do papel contábil dentro das organizações — saindo da retaguarda fiscal e assumindo um lugar de liderança estratégica.
Empresas que reconhecem essa transformação e investem desde já em práticas transparentes, sustentáveis e integradas estarão mais bem posicionadas para enfrentar as exigências de investidores, consumidores e do próprio planeta.
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